quinta-feira, 23 de junho de 2011

O poder do crack

"Comparado a outras drogas, o crack é sem dúvida a mais nefasta porque produz rapidamente a dependência: sob a compulsão pela substância, o usuário desenvolve comportamentos de risco, que podem chegar à atividade criminosa e à prostituição", diz Solange Nappo, da Unifesp. Pablo Roig, psiquiatra e dono de uma clínica de tratamento de dependentes químicos, acrescenta que a dependência chega a tal ponto que o usuário perde a capacidade de decidir se usará ou não a droga.

A mancha do crack se espalha entre usuários de drogas devido a uma combinação de acesso econômico e potência química. A relação entre preço e efeito faz do crack uma droga muito popular, de fácil acesso. Os traficantes desenvolveram uma verdadeira estratégia para ampliar o mercado da droga: a "venda casada", de maconha mais crack. No primeiro momento, a maconha dá um relaxamento e o efeito do crack é mitigado. Depois, o usuário resolve experimentar o crack puro e sente um efeito muito mais poderoso.

Começam, então, as mudanças de comportamento. Além de graves consequências para a saúde, a droga provoca no dependente atitudes violentas. "Ele fica alterado, inquieto, irritado e, em geral, passa a se envolver com a criminalidade como nenhum outro usuário de drogas", diz Laranjeira, da Associação Brasileira de Psiquiatria. A única prioridade é a droga: a saúde, a família, o trabalho e os amigos ficam de lado. É uma mudança total no esquema de vida e estrutura de valores.

Estimativas americanas apontam que, a cada dólar gasto no combate às drogas, a sociedade economiza até sete dólares em despesas com hospitais, segurança pública e acidentes de carros, entre outros. No caso devastador do crack, fica evidente que a cruzada antidroga pode economizar ainda mais vidas.

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