quarta-feira, 27 de junho de 2012

Óxi- A Nova Droga e Mais Agressiva Que o Crack

Guilherme, Renan e Gabriel

O óxi é mais barato que o crack, porém sua agressividade é considerada mais elevada.

Segundo registros, chegou ao Brasil em 2005 pelas fronteiras de países vizinhos.

COMPOSIÇÃO

Sua Composição inicial é feita a partir da pasta base da folha de coca, cal virgem e alguns combustíveis como querosene gasolina e o ácido sulfúrico. A ciência ainda não conhece todos seus efeitos no organismo, pois seus componentes não seguem um padrão. Como sua fabricação é caseira, vários outros componentes podem ser adicionados, como por exemplo o cimento.

SINTOMAS

A sensação de euforia causada por essa droga é bastante curta, durando cerca de dez minutos, aumentando assim a dependência do individuo. Além da euforia, causa medo, depressão e paranoia. 


sábado, 23 de junho de 2012

Haxixe

Origem

Extraída da mesma planta donde se extrai a maconha. Mais precisamente, é uma espécie de resina retirada das folhas da Cannabis sativa e assim sendo, possui uma concentração maior de THC, a substância psico-ativa da droga.

Classificação

Ilícita e alucinógena.

Como se apresenta

A resina é prensada em pedaços, em pelotas ou tabletes.

Possíveis efeitos

Observam-se praticamente os mesmos efeitos presenciados quando do consumo de maconha porém, devido à maior concentração do THC, os efeitos são mais intensos. Excitação seguida de relaxamento, euforia, falar em demasia, fome intensa, olhos avermelhados, palidez, taquicardia, pupilas dilatadas e boca seca.

Pode causar

Problemas com o tempo e o espaço, prejuízo da atenção e da memória para fatos recentes, alucinações, diminuição dos reflexos, aumento do risco de acidentes, ansiedade intensa, pânico, paranóia, desânimo generalizado


Alencar, Pedro e Rafael

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Famosos que já usaram LSD



Bill Gates
Embora não tenha admitido ter feito uso de LSD, o fundador da Microsoft e uma das pessoas mais ricas do mundo, Bill Gates, também não negou o fato. Em uma entrevista para a revista Playboy, em 1994, quando questionado sobre o uso da droga, Gates respondeu que “existem coisas que fez aos 25 anos de idade e nunca mais tornou a repití-las”. Apesar de a mensagem subentendida, morreremos na dúvida.

Cary Grant

Cary Grant foi a personificação do glamour em Hollywood durante as décadas de 30 e 40. Durante anos ele lutou contra problemas psicológicos – estes causados devido ao fracasso dos casamentos anteriores e por ter sido abandonado pela mãe, ainda quando criança – até que, com a supervisão de um terapeuta, deu início a um tratamento com base no LSD, o qual mantém até os dias de hoje.

Aldous Huxley

Se o mundo fosse como preveu o visionário Huxley, ele estaria em transe psicodélico. Com início em 1930, o escritor passou a fazer parte de experimentos com LSD e mescalina, acreditando que as drogas foram uma benção para a humanidade, pois permitia a elevação da mente a um estado superior. Em 1950 publicou um livro sobre suas experiências e acabou sendo adotado como o padrinho dos hippies.

Angelina Jolie

Angelina confessa já ter feito uso de LSD mas diz ter parado antes de dar a luz ao casal de gêmeos. Sua última experiência teria sido em 2007, ao ir à Disneylândia: “Eu comecei a pensar sobre Mickey Mouse… um homem baixo, de meia-idade, que odeia a vida, vestido com uma fantasia.”. Jolie ainda diz que a droga pode se tornar muito perigosa se você não estiver animado e com bons pensamentos na cabeça.

Francis Crick

Algumas coisas, realmente, não podem ir para os livros didáticos: o lendário biólogo Francis Crick estaria sob efeito de LSD quando descobriu a esrutura de dupla hélice do DNA, em 1953. Segundo relatos, o cientista havia confessado a um colega, anos depois, sobre o seu uso constante de pequenas doses da droga. Além disso, Crick é o fundador do SOMA, um grupo que lutou para a legalização da maconha.

Anais Nin

A novelista foi uma das celebridades a serem tomadas pela curiosidades, até decidir ir à clínica do psiquiatra Oscar Janiger, responsável pelo acompanhamento de tratamentos feitos com LSD. Em um de seus diários, Nin relaou suas sensações ao utilizar a droga: “A música vibrava através do meu corpo como se eu fosse um dos instrumentos e senti-me tornando uma orquestra de percussão completa…”.


Dock Ellis
Antes mesmo dos esteróides chegarem ao baseball, Ellis já havia provado a sensação proporcionada pelo LSD. O jogador utilizou a droga enquanto visitava alguns amigos em Los Angeles. Dock entrou no jogo contra o San Diego Padres ainda alucinado, relatando, posteriormente, ter sentido um estado de euforia, dizendo também que a cada momento via a bola de um tamanho diferente.

Dan Rather

Assim como Bill Gates, Dan Rather também é “tímido” quando o assunto é sobre o seu passado. No ano de 1980, em uma entrevista ao Ladies Home Journal, Dan foi questionado se já havia fumado maconha, respondendo que não gostaria de falar sobre isso na reportagem mas que, em particular, não haveria problema, alegando já ter experimentado de tudo, inclusive uma boa quantidade de LSD.

Matt Parker e Trey Stone

Andar sobre o tapete vermelho chega a provocar tremores em algumas celebridades, mas não é o caso dos criadores de South Park, ainda mais quando eles estão tropeçando, alucinados. A dupla confessou ter feito uso de LSD na ocasião em que se vestiram de drag queen para receber o 2000 Academy Awards. No ocorrido, Stone estava com um vestido rosa, enquanto Parker vestia uma espécie de vestido rasgado.

The Beatles

Diz a lenda que que Os Beatles experimentaram LSD pela primeira vez durante um jantar com suas esposas e o dentista de George Harrison. O dentista teria colocado a droga em seus cafés sem que os integrantes da banda soubessem. A experiência haveria influenciado na composição das músicas “Help!” e “Lucy in the Sky with Diamonds”. Anos depois, Paul McCartney assumiu a influência da droga.

Jack Nicholson

O conceituado ator Jack Nicholson, assim como Cary Grant , Aldous Huxley, Anais Nin, e James Coburn, também foi um dos visitantes da clínica do Dr. Oscar Janiger, em Los Angeles. Na época, Nicholson esforçava-se para ser sucesso em Hollywood. Então, no final dos anos 60, ao estrear o filme The Trip, o ator realmente desponta em sua carreira, juntamente com Easy Riders Peter Fonda and Dennis Hopper.


Grupo: Ana, Carla e Fernanda
Assunto: LSD
Bibliografia: 
http://www.dormiu.com.br/artigos/alguns-famosos-que-ja-usaram-lsd-12240/

Cerveja de Maconha

Olha que interessante! Nunca tinha ouvido falar que existe cerveja de maconha.
Ela é uma cerveja orgânica, feita na Alemanha e como vocês podem ver o custo equivale de 3 a 4 dólares.


Interessante né?

sexta-feira, 15 de junho de 2012


Carolina Duarte, Brunna T., Janaina
Grupo: Crack
http://www.youtube.com/watch?v=gKuBwvxun_4

CRACK VERDADES E MITOS

O crack gera dependência logo na primeira experiência. Verdade ou mito?

Mito. Apesar de ser absorvido quase totalmente pelo organismo, apenas o uso recorrente do crack causa dependência. Diferentemente de outras drogas, entretanto, o crack causa sensações intensas e desagradáveis quando seus efeitos passam, o que leva o usuário a repetir o uso. Esta repetição, junto com o efeito potente da droga, leva o usuário a ficar dependente de forma mais rápida.

O crack só atinge a população de baixa renda. Verdade ou mito?

Mito. O crack foi considerado inicialmente uma droga “de rua”. Por ser barata e inibir a fome, muitos moradores de rua e pessoas em situação de miséria recorrem à droga como medida paliativa. O contexto social do usuário também é um fator agravante - é mais comum uma pessoa se tornar usuária de crack quando o meio social facilita o acesso. Apesar disso, hoje o crack atinge todas as camadas sociais.

O usuário corre mais risco de contrair DSTs/AIDS. Verdade ou mito?

Verdade. Isso ocorre porque os usuários da droga costumam adotar comportamentos de risco, como praticar sexo sem proteção. Influenciados pela necessidade de consumir o crack, muitos usuários crônicos também recorrem à prostituição para conseguir a droga.
Meu filho consome crack e eu penso em denunciar o traficante. Nesse caso, meu filho será penalizado também”. Verdade ou mito?

Mito. A pessoa que denunciar o traficante tem sua identidade preservada pelas autoridades policiais, portanto, seu filho usuário não será exposto. Porém, apesar da lei de drogas prever que o uso de drogas não seja punido com restrição de liberdade, o porte de drogas continua sendo crime no Brasil.

O médico é obrigado a notificar a polícia quando atende um usuário em situação de intoxicação aguda. Verdade ou mito?

Mito. A legislação brasileira não obriga profissionais da área médica a notificar a polícia sobre os atendimentos realizados a usuários de drogas em situação de intoxicação aguda. As autoridades policiais são chamadas apenas em casos extremos, em que o comportamento do paciente põe em risco sua própria integridade física ou a saúde de terceiros.

O crack é um problema dos grandes centros urbanos. Verdade ou mito?

Mito. O crack é amplamente consumido na região de São Paulo e avançou rapidamente para a maioria dos grandes centros urbanos de todo o país. Porém, já existem relatos de cidades do interior e mesmo de zonas rurais afetadas por problemas relacionados ao tráfico e consumo desta substância.

O crack é pior que a maconha e a cocaína. Verdade ou mito?

Verdade. O crack e a maconha são drogas com efeitos diferentes. Uma vez que o crack deixa o indivíduo mais impulsivo e agitado, e gera dependência e fissura de forma intensa, ele termina tendo um impacto maior sobre a saúde e as outras instâncias da vida do indivíduo do que, em geral, se observa com a maconha. Em relação à cocaína, apesar de serem drogas com a mesma origem, o efeito do crack é mais potente do que a cocaína inalada. Por ser fumado, o crack é absorvido de forma mais rápida e passa quase que integralmente à corrente sanguínea e ao cérebro, o que potencializa sua ação no organismo.

O crack sempre faz mal à saúde. Verdade ou mito?

Verdade. O uso dessa droga compromete o comportamento como um todo. Por ser uma substância altamente estimulante, várias funções ficam comprometidas, mas as mais afetadas são a atenção e a concentração, a falta de sono, além de gerar quadros de alucinação e delírio.

É possível se livrar do crack. Verdade ou mito?

Verdade. É possível se recuperar da dependência do crack. O usuário deve procurar tratamento adequado e contar com apoio familiar, social e psicológico para superar a dependência química.

O usuário de crack é sempre violento. Verdade ou mito?

Mito. Usuários que já possuem uma tendência à agressividade podem ficar mais violentos quando estão na fase de “fissura” ou abstinência da droga. Apesar de haver sempre uma deterioração das relações sociais, especialmente no ambiente familiar, a violência não é uma conduta padrão.

Usuárias de crack não podem amamentar. Verdade ou mito?

Verdade. Mães usuárias de crack devem receber tratamento imediato com a suspensão do uso da droga e da amamentação durante o período necessário para eliminar as substâncias tóxicas do organismo. Após esse período, e sob supervisão médica, a amamentação está liberada.

O crack também prejudica o feto. Verdade ou mito?

Verdade. O crack prejudica o desenvolvimento do feto por alterar a saúde física da mãe e passar à corrente sanguínea do futuro bebê. Isso pode reduzir o fluxo de oxigênio para o feto, causar graves danos ao sistema nervoso central e alterações nos neurotransmissores cerebrais. Também há maior risco de aborto espontâneo, hemorragias, trabalho de parto prematuro, além de diversas malformações físicas e baixo peso ao nascer.

Bebês de mães usuárias nascem já dependentes. Verdade ou mito?

Mito. Bebês expostos ao crack durante o período fetal não são dependentes da droga. Não há comprovação científica de que eles desenvolvam abstinência na ausência do crack. Os sinais e sintomas que eles podem apresentar durante o período neonatal estão mais relacionados a alterações nas substâncias químicas do cérebro (neurotransmissores), que poderão ser ou não temporárias.

Algumas pessoas têm predisposição genética para se tornar dependente do crack. Verdade ou mito?

Verdade. Existe sim uma predisposição genética à dependência química. No entanto, não somente ao crack, mas a outras substâncias químicas, como o álcool, por exemplo.

Grupo: Carolina Duarte, Brunna T. e Janaína
Droga: crack

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Anfetaminas


Bruna F, Eduarda e Mariana

Anfetaminas


Anfetaminas - Drauzio Varella

Táki Cordas é medico psiquiatra, coordenador do Ambulim – Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares – do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Patrícia Rocco é oficial de justiça, formada em Direito e Pedagogia. Usou anfetaminas para emagrecer durante muitos anos.
Anfetaminas são drogas sintéticas que estimulam a atividade do sistema nervoso central. Edellano, em 1887, foi quem primeiro obteve essa substância em laboratório, que só foi utilizada em larga escala durante a Segunda Guerra Mundial para manter os soldados acordados e mais ativos no esforço de guerra. Ficou evidente também que as anfetaminas, que se mostraram eficazes para deixá-los mais atentos e confiantes, diminuíam a sensação de fome e fadiga.
Passado algum tempo, porém, as autoridades médicas da Inglaterra verificaram que, sob o efeito dessas drogas, o desempenho dos pilotos da RAF ficava seriamente comprometido e proibiram seu uso.
Mais tarde, quando a ação das anfetaminas como inibidoras do apetite foi comprovada, elas passaram a ser usadas nas dietas alimentares pelas pessoas que queriam perder peso. Embora esse tenha sido o uso que as tornou extremamente populares mundo afora, não é o único.
São anfetaminas o “rebite” que o caminhoneiro toma para não dormir ao volante, a “bolinha” que deixa o estudante aceso nas vésperas das provas e os comprimidos de ecstasy de que se serve o jovem para varar a noite nas baladas.
O Brasil é o maior consumidor mundial de anfetaminas, dado que preocupa as autoridades de saúde pública. Para cada mil habitantes, são consumidos nove comprimidos de anfetamina por dia, uma droga que produz tolerância e traz prejuízos indiscutíveis à saúde.
PRIMEIRA PARTE – DR. TÁKI CORDÁS
Drauzio – Como agem as anfetaminas no cérebro?
Táki Cordás – As anfetaminas e seus derivados exercem determinadas ações químicas sobre o cérebro que provocam excitação, insônia e falta de apetite. As alterações que promovem nos neurotransmissores chamados dopamina e serotonina tornam os indivíduos mais alerta, mais atentos e também conferem grande sensação de bem-estar. Sob o efeito dessas drogas, efeito que se mantém por algum tempo, eles acham que conseguem tudo, podem tudo, tornam-se mais falantes e apresentam aparente melhora do desempenho intelectual.
Drauzio – Quanto tempo dura a ação das anfetaminas?
Táki Cordás – Dependendo da droga, sua ação pode durar oito, dez ou até doze horas. Passado o efeito, porém, o indivíduo se sente deprimido, angustiado, como se estivesse descarregado, o que provoca a necessidade de consumir de novo um ou mais comprimidos.
Drauzio – Mas, as anfetaminas não agem apenas no sistema nervoso central…
Táki Cordás – As anfetaminas agem também sobre outros órgãos e provocam aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, arritmias, diarreias, gastrite, tremor fino de mãos, boca seca, irritabilidade intensa. Podem, ainda, ser responsáveis por episódios de intestino preso que, muitas vezes, se alternam com crises de diarreia.
Recentemente, um trabalho com mulheres mostrou que certos tipos de anfetaminas provocam mais acidentes vasculares cerebrais, ou seja, mais derrames, em virtude do grande aumento da pressão arterial que provocam.
Drauzio  Mas as anfetaminas não são utilizadas apenas como redutores do apetite…
Táki Cordás – É importante lembrar que a anfetamina e seus derivados têm duas indicações médicas: para o transtorno do déficit de atenção (TDAH), que pode acometer tanto as crianças quanto os adultos, e para a narcolepsia, um distúrbio cujo principal sintoma é a sonolência excessiva.
Exceção feita a esses dois casos, essas drogas são usadas de maneira infeliz e exagerada no controle do peso e do apetite. Elas entram na composição de fórmulas magistrais, que a pessoa toma dois ou três comprimidos por dia e incluem, além da anfetamina, um tranquilizante, um hormônio da tireoide, um diurético, um antidepressivo e outro moderador de apetite.
Drauzio – O ecstasy que a garotada toma nas festas para passar a noite acordada também é um tipo de anfetamina?
Táki Cordás – O ecstasy ou MDMA, que é a sigla dessa droga, é um derivado da anfetamina que mantém o indivíduo acordado e mais atento. Essa substância também aumenta a sensação de luminosidade e a acuidade visual. Passado seu efeito, porém, a pessoa sente extremo cansaço, sonolência, depressão e irritabilidade.
Outros derivados da anfetamina são conhecidos há muito tempo. O aluno que precisava passar a noite estudando tomava “bolinha”, que era vendida livremente nas farmácias, e o caminhoneiro toma “rebite’ para ficar acordado enquanto dirige de madrugada.
Drauzio – As anfetaminas realmente reduzem o apetite?
Táki Cordas – Reduzem durante um período limitado. Por isso, muitas vezes, a pessoa aumenta a dose por conta própria para prolongar o efeito. Embora no início as anfetaminas possam promover perda rápida de peso, a suspensão da droga provoca o efeito rebote, o apetite aumenta exageradamente e é comum o indivíduo ganhar mais peso do que tinha antes de tomar a droga.
Drauzio – Na verdade, a perda rápida de peso de quem toma anfetaminas acaba servindo de propaganda para o uso dessas drogas. Os amigos veem o resultado – “Puxa, perdeu dez quilos em um mês…” – e ficam tentados a experimentá-las. 
Táki Cordás - Um individuo que perde 10kg em 30 dias tem alguma coisa de errado, porque está consumindo energia demais. Certamente, quando suspender o remédio, vai recuperar os dez quilos que perdeu e mais alguns. Como não quer que isso aconteça, com frequência acaba aumentando as doses diárias das anfetaminas, o que provoca efeitos psiquiátricos às vezes graves.
Drauzio – Não existe mágica com o corpo humano. Todas as drogas que provocam excitação, terminado seu efeito, dão lugar a uma fase de depressão inexorável. 
Táki Cordás – O preço é tão grande, tão desproporcional quanto o efeito que a pessoa possa usufruir inicialmente.
Drauzio – De modo geral, qual é a dosagem diária das anfetaminas usadas nos regimes para emagrecer?
Táki Cordás – É preciso muito cuidado quando se fala em doses adequadas de anfetaminas nas dietas para emagrecimento. Cada vez mais o consenso é que essas drogas não deveriam ser utilizadas com essa função. A meu ver, não basta apenas o controle da prescrição. É necessário proibir que sejam prescritas.
Drauzio  Os endocrinologistas que prescrevem essas drogas argumentam que existem poucas armas para o tratamento da obesidade nos hospitais públicos. Como as anfetaminas são baratas, acabam virando o único recurso disponível para grande parte da nossa população.
Táki Cordás - Esse é o argumento oficial de endocrinologistas respeitáveis e de bom senso. Entretanto, existe um arsenal terapêutico constituído por outras drogas, entre elas alguns medicamentos genéricos, que podem ser utilizados, e recursos não medicamentosos, como a insistência na dieta equilibrada.
A prevenção da obesidade deveria começar muito cedo, na escola. Esse trabalho já foi realizado em outros países com sucesso e resultou não só na redução do consumo de anfetaminas e seus derivados, como também na redução dos casos de obesidade.
Por isso defendo a proibição do uso dessas drogas nas dietas alimentares. Não há argumento que justifique oferecer à população de menor renda um remédio ruim que pode ter efeitos deletérios, se ele pode ser substituído por outros recursos terapêuticos.
Drauzio – Medicamento que provoca excitação e deixa o indivíduo vivo, interessante, alegre, mas depois produz um estado depressivo, uma tristeza profunda, parece que tem tudo para ser usado compulsivamente. O que acontece com o uso continuado das anfetaminas?
Táki Cordás – O abuso e a dependência de anfetaminas ainda são pouco estudados no Brasil, mas ninguém mais discute que seu uso contínuo provoca quadros psiquiátricos graves de depressão e irritabilidade com “viradas” para euforia. Ou seja, a fase maníaca em que a pessoa fica excitada, eufórica, falante, com comportamento inadequado, alterna-se com quadros paranoides caracterizados por extrema desconfiança. É o caminhoneiro que imagina estar sendo perseguido pelos ocupantes do carro que vem atrás ou o funcionário que acha que todos os colegas estão falando mal dele no escritório.
Drauzio  Caso sejam absolutamente necessárias, por quanto tempo as anfetaminas podem ser usadas?
Táki Cordás – Caso se chegue à conclusão de que não há alternativa de tratamento, o tempo de uso das anfetaminas deve ser muito breve. Em alguns países, não pode ultrapassar dois ou três meses. Volto a insistir no que acontece no Brasil. Se pudermos oferecer outras possibilidades de tratamento para a obesidade, o tempo de uso deve ser nenhum.
Drauzio – A prática clínica mostra que as pessoas tomam anfetaminas por muito tempo? 
Táki Cordás – A prática clínica mostra que existem indivíduos usando anfetaminas há 8, 10, 12 anos e que muitos deles obtêm a droga em farmácias de manipulação sem necessidade de renovar a prescrição médica.
Drauzio – Qual é a relação entre anfetaminas e fórmulas para emagrecer?
Táki Cordás – Na composição das fórmulas para emagrecer prescritas indevidamente por alguns médicos entram, geralmente, um moderador de apetite, um diurético, um laxante e um hormônio da tireoide. É fundamental reforçar que nem o diurético nem o laxante ajudam a emagrecer (a pessoa só perde líquido, que é recuperado em seguida) e que a Associação Brasileira de Obesidade é totalmente contrária ao uso do hormônio da tireoide, porque não promove o emagrecimento e pode levar à lesão dessa glândula e a lesões cardiológicas.
Muitas vezes, com a função de contrabalançar o efeito euforizante ou excitante do moderador de apetite, essas fórmulas incluem um tranquilizante ou um antidepressivo, substâncias que também induzem a dependência.
Drauzio – Existem resoluções médicas muito claras contra o uso de fórmulas para emagrecimento. Por que os médicos continuam receitando?
Táki Cordás – De fato, há mais do que normas médicas restritivas; existem leis proibindo o uso associado de drogas com ação sobre o sistema nervoso central. Por isso, acho difícil encontrar uma razão científica para alguns colegas continuarem a prescrever essas fórmulas ou a compor duas ou três formulações diferentes para prescrevê-las.
Drauzio  Quais são os efeitos colaterais do uso contínuo das anfetaminas?
Táki Cordás – Em geral, as pessoas ficam deprimidas, tristes, irritadas, muito ansiosas, com ataques de pânico e reação suicida. Algumas chegam a desenvolver quadros psicóticos ou paranoides graves. Muitas experimentam perdas importantes tanto profissionais quanto de relacionamento pessoal e precisam aumentar o uso da droga para manter algum nível de funcionamento.
SEGUNDA PARTE – PATRÍCIA ROCCO 
Drauzio – Por que você começou a tomar anfetaminas?
Patrícia Rocco – Porque me achava gorda. Hoje, pegando fotos antigas, vejo que não era. Acontece que fui fazer um cursinho para modelo – naquela época, eles estavam muito em moda – e o professor exigiu que eu emagrecesse. Segundo seus cálculos, quem media 1,58cm, deveria pesar 48kg. Como eu, aos 11 anos, já pesava 58kg, o único jeito que encontrei para emagrecer foi tomar anfetaminas.
No começo, minha mãe até me incentivou a seguir esse caminho. Ela mesma já tinha usado anfetaminas e achava que essa era a maneira mais fácil e mais rápida de emagrecer. Por isso, me levou a um endocrinologista que prescreveu a medicação.
Drauzio – O que você sentiu quando começou tomar anfetaminas tão jovenzinha ainda?
Patrícia Rocco – No início, senti algum desconforto físico, boca seca, palpitação, mas não julguei que fossem efeitos colaterais graves. Na bula do remédio, estava escrito que poderiam aparecer. Por outro lado, eles se confundiam com os sintomas das mudanças que ocorrem normalmente na adolescência.
Notei, porém, que estava ficando antissocial. Até então, tinha sido sempre a primeira da classe. Líder dentro da escola, exercia inúmeras atividades no grêmio estudantil e participava de congressos, porque tinha a intenção de cursar Direito e Pedagogia. De repente, fui perdendo a vontade de continuar agindo assim. Eu queria ficar quieta num canto, sem ninguém que me incomodasse por perto.
Drauzio  Nessa fase, você emagreceu?
Patrícia Rocco – No começo, emagreci bastante. Cheguei a pesar os 48kg que o professor queria, mas fiquei muito abatida. Depois de algum tempo, porém, comecei a engordar de novo, mesmo tomando o remédio.
Drauzio  Como você reagia ao aumento de peso?
Patrícia Rocco – Eu mudava de médico, porque tinha vergonha de não conseguir fazer as dietas que eles mandavam: duas colheres de arroz, uma de feijão, um bifinho na chapa, no almoço, outro no jantar, e duas bolachas de água e sal pela manhã. Eu nunca comi pouco assim, por isso achava que o problema era a minha incompetência em seguir o regime e não o remédio. Quando questionava o médico a respeito, ele dizia que o remédio era só para me ajudar a fazer a minha parte, mas eu não conseguia fazer a minha parte, e acabava procurando outro médico.
Só depois de muito tempo nessa peregrinação me dei conta de que todas as vezes que me dirigia a um novo médico estava maior, mais pesada.
Drauzio – A anfetamina tem uma ação excitante, que dura algumas horas. Depois, vem o efeito rebote, depressivo. Você sentia essa variação?
Patrícia Rocco – Sentia. Os momentos de euforia eu não percebia tanto, talvez porque fossem curtos. Agora, de alguns momentos de depressão me recordo até hoje. Lembro que, quando completei 16 anos, no dia do meu aniversário, pensei em suicídio. O fato de algumas pessoas que considerava muito não estarem presentes representou para mim um sinal de extrema rejeição e fui me desligando cada vez mais.
Minha família achava que era estresse: “Você está se desgastando, porque inventa muita coisa ao mesmo tempo. Ainda mais agora, com a preocupação do vestibular”. Nada explicava, porém, o sentimento tão forte de incompetência e insegurança que tomava conta de mim. Para o senhor ter uma ideia, entrei na USP, em sétimo lugar, sem cursinho, aos 17 anos e só me formei oito anos mais tarde, porque eu patinava, patinava sempre no mesmo lugar.
Drauzio  Você atribui esse comportamento ao uso das anfetaminas?
Patrícia Rocco – Atribuo, porque chegou o momento em que não dei mais conta do estudo. Não sei o que fazia do meu tempo e comecei a ficar muito atrapalhada. Lembro que, ao receber o convite de um professor para fazer pós-graduação, não acreditei que tivesse capacidade para enfrentar o desafio, nem tive coragem de arriscar. Afinal, se não desse certo, eu poderia tentar outra coisa, mas o medo era tanto que eu me sentia emburrecendo, sem forças para me desenvolver como sempre tinha feito antes.
Drauzio  Você tinha déficit de memória?
Patrícia Rocco – Não, minha memória sempre foi muito boa. Tinha dificuldade de concentração. Até hoje não me concentro direito. Noto que levo mais tempo para completar o serviço do que meus colegas. Ainda tenho dificuldade para dar prosseguimento ao meu trabalho.
Drauzio – Você usou anfetaminas dos 16 aos 30 anos porque queria emagrecerO que a fez decidir que tinha chegado a hora de abandoná-las ?
Patrícia Rocco – Foram os efeitos colaterais que eu não suportava mais. O que mais me doía era falta de concentração e ver o meu retrocesso profissional, porque não exerço nenhuma das profissões para as quais me formei. Fui ficando tão insegura e com tamanho sentimento de incompetência que tinha a sensação de que estava andando para trás.
Gostaria de dizer que, se nunca consultei endocrinologistas sem colher antes referências, também nunca passei por um que realmente me examinasse. Eu saía da primeira consulta já com a receita de uma fórmula na mão. Apesar de me pedirem a bateria de exames de praxe, só se inteiravam dos resultados quando eu voltava para pegar nova receita da fórmula. Aí, davam aquela passadinha de olho, diziam que estava tudo bem e, se eu reclamava de algum efeito colateral – “Estou ansiosa, irritada, dando murro em ponta de faca” –, aumentavam a dose do tranquilizante. Se me queixava de que não estava emagrecendo, aumentavam o hormônio da tireoide. E eu ia tomando aqueles coquetéis malucos até ficar completamente apática. Por sorte, acabei indo a um clínico geral que desconfiou do que estava realmente acontecendo. Ele e um acupunturista de renome em São Paulo.
Drauzio – O que mudou na sua vida, quando deixou de tomar as fórmulas? Teve algum sinal de dependência?
Patrícia Rocco – No começo, senti medo de engordar e, muitas vezes, me perguntei se estava fazendo a coisa certa. Nessa época, encontrei muita gente que me incentivava a continuar tomando as fórmulas.
Particularmente, senti dó ao abandonar a última fórmula que tomei, porque eu emagrecia rápido, mesmo comendo besteira. Lembro que em 15 dias perdi 3kg apesar de ter comido trufas. Que coisa maravilhosa! Emagrecer comendo doce era tudo o que eu queria.
Drauzio – Que diferença existe entre a Patrícia de hoje e aquela que tomava anfetamina para emagrecer?
Patrícia Rocco – Hoje, não tomo anfetaminas nem que me paguem. Não tomo de jeito nenhum. Está claro que os resultados da reeducação alimentar são demorados, mas o bem-estar que sinto por saber que o peso que tenho é fruto do meu esforço, não há o que pague. Vá lá que de vez em quando cometo alguns deslizes, dou uma descambada mesmo, mas acredito em mim, sei o que tenho de fazer e retomo o caminho da alimentação equilibrada. Descobri algumas coisas que me ajudam a manter o controle. Por isso, tenho evitado ao máximo o café e alimentos estimulantes. Chocolate é o meu fraco, como de vez em quando. Faço também caminhadas e exercícios físicos. Alíás, foram os exercícios que me ajudaram a combater os quadros graves de ansiedade.
Drauzio – Levando em consideração o que sentia quando tomava anfetaminas, como você se sente hoje?Patrícia Rocco – Melhorei, mas ainda tenho sequelas do tratamento com anfetaminas para emagrecer. Estou ainda pagando um preço alto por tê-las usado por tanto tempo. Agradeço muito a meus pais que sempre me deram força, sempre me encorajaram. Eles nunca deixaram que eu ficasse em casa. Aquele empurrão fundamental para continuar me empenhando, eu tive dentro de casa. Nunca perdi um dia de trabalho em 16 anos e consegui concluir dois cursos universitários. Graduei-me em Direito e Pedagogia e continuo estudando para manter a cabeça ativa. No entanto, até hoje, em alguns momentos, tenho recaídas.

Bruna F, Eduarda e Mariana

DROGAS NOS PRESÍDIOS

A TRAJETÓRIA DA COCAÍNA 
Por Dr. Drauzio Varella 


Só quem desconhece a rotina das cadeias pode imaginar que seja possível impedir a entrada de drogas. Se nos países ricos, em presídios de segurança máxima, guardados por carcereiros treinados e bem pagos, a droga é um problema insolúvel, imagine nos nossos.


Caro leitor, vou descrever a trajetória percorrida pela cocaína nas cadeias de São Paulo nos últimos vinte anos.
Até a década de 1980, éramos ingênuos a ponto de considerar o uso de cocaína uma extravagância de gente endinheirada. Os primeiros casos de Aids se encarregaram de demonstrar que havia uma epidemia de cocaína injetável na periferia da cidade.
Em 1989, comecei um trabalho médico voluntário nas cadeias da capital, que dura até hoje. Naquele ano, um inquérito epidemiológico conduzido por nós na antiga Casa de Detenção revelou que 17,3% dos presos eram HIV-positivos.
Muitos vinham para o atendimento com as veias dos braços em petição de miséria, sequela das aplicações intravenosas sem assepsia. Como não era fácil conseguir seringas e agulhas no presídio, o uso comunitário da parafernália para as injeções era prática corrente.
Nessa época, começamos um programa educativo que envolvia palestras no antigo cinema da Casa, concursos de cartazes sobre o tema e a distribuição periódica de O Vira Lata, gibi erótico em que o herói, um ex-presidiário, só fazia sexo com camisinha e condenava o uso de cocaína injetável.
Esse conjunto de intervenções associado ao impacto das mortes por Aids em todos os pavilhões varreu do mapa a cocaína injetável, resultado final que os próprios presos julgavam inatingível. Nunca mais os guardas apreenderam uma seringa sequer.
Não havia motivo para comemorar, infelizmente: nos anos de 1992 e 1993, o crack invadiu a Detenção. Droga preparada com o refugo da pasta de cocaína tinha a vantagem do preço baixo, de dispensar as seringas e agulhas transmissoras do HIV e de provocar um “baque” no cérebro de intensidade comparável ao da injeção intravenosa.
A desvantagem maior logo se tornou evidente. Enquanto as injeções perfuravam a pele e destruíam as veias, suplício que nem todos estavam dispostos a suportar, o crack não doía nem deixava as marcas denunciadoras do uso. As consequências foram devastadoras.
Na esteira do massacre de outubro de 1992, acontecimento chave para entendermos como a disciplina no sistema penitenciário foi por água abaixo, a epidemia de crack se espalhou entre os sete mil detentos do Carandiru e contaminou outras cadeias.
Não há estatísticas para estimar o número de usuários, mas foram tantos que quando um paciente negava o uso, eu o considerava mentiroso.
O crack é invenção do diabo. No usuário crônico, o efeito acaba em segundos, mas a compulsão que o obriga a vender a roupa do corpo persiste pelo resto da vida. Nas garras da dependência, os detentos contraíam dívidas impossíveis de pagar. Os inadimplentes tinham duas opções: pedir transferência para o Amarelo, setor protegido no qual permaneciam trancados 24 horas por dia, ou acabar a carreira na ponta de uma faca. No fim dos anos 1990, o Amarelo chegou a ter mais de 600 presos, quase 10% da população da Casa.
Os guardas de presídio mais experientes diziam que o crack havia subvertido a hierarquia da prisão e as leis do crime de forma tão radical, que seria impossível acabar com ele nas cadeias, previsão com a qual eu concordava plenamente.
Estávamos enganados. Quando uma das facções conseguiu sobrepujar as demais e impor suas leis entre os presidiários paulistas, o crack foi considerado prejudicial aos negócios e terminantemente proibido. Por ordem do comando, quem fosse pego fumando era expulso do convívio e forçado a pedir asilo nas celas de segurança; quem ousasse traficar recebia sentença de morte.
Como as leis do crime foram feitas para serem respeitadas, os presídios do Estado de São Paulo ficaram completamente livres do crack.
Partindo do princípio que na vida marginal tudo começa nas cadeias, tive a esperança de que, num segundo movimento, ele fosse banido da periferia de São Paulo, como acontecera com a cocaína injetável. Outro engano.
Uma traficante que atendi na penitenciária feminina explicou por quê:
– Se quiser ganhar dinheiro na rua, doutor, a droga é o crack.

Grupo: Cocaína
Integrantes: Beverly, Lauren e Tainá. 
 Fonte: http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/a-trajetoria-da-cocaina/

terça-feira, 12 de junho de 2012

O dano dos Anabolizantes


Pesquisa inédita revela que essas substâncias degeneram a saúde do coração, do cérebro e elevam o risco de morte súbita

Mônica Tarantino
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Pela primeira vez, a medicina conseguiu descrever o impacto provocado pelo uso de esteroides anabolizantes no coração e no cérebro. Em um estudo que teve duração de quatro anos, a cardiologista Janieire Alves, da Unidade de Reabilitação Cardíaca e Fisiologia do Exercício do Instituto do Coração, de São Paulo, avaliou 40 homens com idades entre 18 e 40 anos que assumidamente se automedicavam com doses regulares dessas substâncias havia dois anos. Essas drogas imitam o hormônio masculino testosterona e são usadas com a finalidade de aumentar a massa muscular e reduzir a fadiga.
Os prejuízos ao corpo são impressionantes. “Os usuários apresentam um risco cinco vezes maior de ter acidente vascular cerebral, parada cardíaca ou morte súbita do que a população em geral”, afirma a médica Janieire. “É um avanço mundial no conhecimento sobre a utilização desses compostos”, afirma Carlos Eduardo Negrão, que participou da pesquisa.
Os voluntários do estudo foram submetidos a testes de sangue e a exames para medir a capacidade pulmonar e cardíaca de oxigenar o corpo a cada quatro meses. Porém, essa exigência reduziu o número final de participantes. Só 12 fizeram todos os testes. Além disso, dois tiveram morte súbita e um ficou com câncer de fígado. Os exames revelaram uma preocupante redução do colesterol bom (HDL) e o aumento do ruim (LDL) e dos níveis de pressão arterial (leia mais no quadro), o que eleva o risco de entupimento dos vasos sanguíneos cerebrais e do coração.
A cardiologista Janieire também identificou uma intensa mudança no ritmo do sistema nervoso simpático, que regula a contração dos vasos, a aceleração dos batimentos cardíacos e a concentração do hormônio noradrenalina no sangue. Essas modificações aumentam o esforço do coração para bombear o sangue. “Há casos em que os músculos e áreas do próprio coração recebiam apenas 40% do sangue necessário”, diz a cardiologista.
A associação dessas alterações aumenta as chances de insuficiência cardíaca precoce. O que os pesquisadores não conseguiram saber é se esses efeitos são reversíveis, com a interrupção do uso. “Não foi possível ter essa resposta porque os voluntários voltavam a tomar as substâncias quando sentiam uma perda de massa muscular”, lamenta Janieire.


A “bomba” é ainda pior

Nova pesquisa alerta para os perigos dos anabolizantes. E revela que eles podem levar à morte súbita de seus usuários. Por Monica Tarantino
O efeito dos anabolizantes sobre o coração e o cérebro é muito mais perigoso do que se suspeitava. Pesquisa recente, coordenada pela cardiologista Janieire Nunes Alves, da Unidade de Reabilitação e Fisiologia do Exercício do Instituto do Coração, em São Paulo, revelou que os usuários dessas substâncias têm cinco vezes mais riscos de sofrer um derrame ou parada cardíaca. E que o uso de anabolizantes pode causar câncer e até levar à morte súbita. Confira, abaixo, a entrevista exclusiva que a especialista concedeu a ISTOÉ Online.
ISTOÉ –  Quem participou da sua pesquisa?  Janieire Alves – Homens com idade entre 18 e 40 anos que tomavam essas substâncias havia dois anos. Para achá-los, eu fui a várias academias, especialmente a algumas em que se sabia serem pontos de consumo regular de anabolizantes, para perguntar quem gostaria de participar da pesquisa. Mas foi muito difícil conseguir voluntários. As pessoas têm muito medo de ser expostas. Eles só aceitaram participar com a garantia de sigilo absoluto de seus nomes. Um dos motivos é a sua participação em competições, pois o uso de anabolizantes é ilegal. Consegui 40 pessoas, mas apenas 12 fizeram todos os testes necessários.
ISTOÉ – Os testes de rotina, feitos por atletas, não detectam os anabolizantes?Janieire Alves – Detectam, mas há vários meios de mascarar esses resultados durante o período de competições. Para fazer nosso estudo, por exemplo, a sensibilidade do teste de urina feito inicialmente para atestar o uso foi aumentada dez vezes. Esses exames foram realizados em parceria com a professora Regina Moreau, no Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Farmacologia da USP.
ISTOÉ – Como essas substâncias são ingeridas?Janieire Alves – Por injeção ou via oral. No grupo estudado, vi que o uso se dá em ciclos. As pessoas tomam por cerca de dois meses, depois param algum tempo e voltam quando sentem que a musculatura começa a diminuir.
ISTOÉ – Algum dos voluntários deixou de tomar anabolizantes depois de conhecer mais sobre os efeitos que essas drogas estavam provocando no organismo?Janieire Alves – Não. De todas as pessoas que participaram, apenas três aceitaram receber apoio psicológico para não usar mais. Um deles estava com sintomas iniciais de câncer de fígado, que é outro efeito colateral do uso constante dessas drogas.
ISTOÉ – Os anabolizantes causam alguma dependência física ou psicológica?Janieire Alves – Pude observar que a maioria dos voluntários manifesta um transtorno de imagem conhecido como vigorexia. Por mais musculosos que estejam, eles se vêem pequenos e, por isso, precisam ganhar mais massa muscular. É praticamente o oposto da anorexia, em que a pessoa se julga gorda, ainda que isso não corresponda ao peso apontado pela balança ou à imagem refletida no espelho.
ISTOÉ – Qual é a substância mais consumida? Janieire Alves – No grupo analisado, o estanozolol. É uma droga injetável, indicada para uso veterinário. Ela é mais consumida por ser mais acessível e de baixo custo. Promove a recuperação da musculatura dos animais. Mas existem dezenas de outras substâncias.
ISTOÉ –  A musculatura obtida com anabolizantes é igual a conquistada com muita malhação?Janieire Alves – Nosso estudo mostrou que o ganho excessivo de musculatura, o aumento do tamanho do músculo cardíaco e alterações de pressão acontecem também com as pessoas que praticam musculação em alta intensidade, ou participam das competições de halterofilismo, porém em magnitude muito inferior àqueles que tomam anabolizantes. Na população estudada por nós, identificamos que há uma piora significativa da irrigação dos tecidos. Em testes para avaliar a capacidade cardíaca e respiratória, vimos que essas pessoas ganham força, mas não têm condicionamento ou resistência equivalentes.
ISTOÉ – Existe uma dose segura de anabolizantes? Janieire Alves - Os anabolizantes são substâncias análogas à testosterona, fabricada nos testículos. Se ela já existe em quantidade suficiente no organismo, doses adicionais inibirão a produção orgânica (natural). A questão é que as substâncias sintéticas não são aceitas da mesma forma que a testosterona natural por outras glândulas, o que inicia um desequilíbrio na troca de mensagens entre os hormônios que regulam os ritmos do corpo. Em consequência, isso leva aos efeitos indesejáveis. Na minha opinião, não se deve tomar se não existe carência provada em exames laboratoriais. O estudo que fizemos fornece sólido embasamento científico mostrando que, para o sistema cardiovascular, essas substâncias são muito deletérias. Elas agem, por exemplo, sobre a glândula supra-renal, estimulando a maior liberação de noradrenalina, que pode aumentar o risco de desenvolvimento de arritmias cardíacas (alterações do ritmo cardíaco), podendo levar até à morte súbita.
Grupo: Carolina Dr., Daiane, Gabriele e Elisa